Conto incluído em Contos de crianças chinesas. Leia um trecho:
Estavam ali, na entrada do templo chinês, dormindo profundamente nos braços um do outro. O rosto mi- núsculo da menina afundado no peito dele e o queixo
branco e protuberante repousando sobre a cabeleira negra dela. Foi o queixo branco que fez a missionária parar e olhar novamente para o casal. Sim, era um menino branco e uma garotinha chinesa. Ele devia ter cerca de cinco anos de idade,
e ela não mais que três.
— Quem são os pais deste menino? — perguntou a mis-
sionária ao vendedor ambulante de frutas e doces chineses. — Ah, esse menino! É filho de Lum Yook, que faz anéis
e pulseiras de ouro.
— Mas ele é branco.
— Sim, ele branco. Mas mesmo assim, menino chinês. A mãe dele não tinha amigo branco, e a esposa de Lum Yook deu pra ela arroz e chá, então quando a mãe foi pra terra dos espíritos, a esposa de Lum Yook ficou com o menino. Senhora, quer comprar lichia?
Edith Maude Easton (1865-1914), 水仙花 ou Shuǐ Xiān Huā, nasceu Edith Maude Eaton, em Macclesfield, Inglaterra, era filha de Edward Eaton e de mãe chinesa Achuen Grace Amoy — ambos se conheceram quando ele visitou Xanghai, China. Sua mãe era uma mui tsai (escrava chinesa) e foi comprada por um empresário circense. Sui escreveu principalmente sobre a experiência dos imigrantes chineses nos Estados Unidos e seu processo de “americanização”. “Sui Sin Far”, seu pseudônimo, significa “flor de narciso”, em cantonês.
Consultor em cultura participativa, remix e inovações digitais. Transitou pelos mercados editorial, jornalístico, publicitário e audiovisual em seus trinta anos de carreira. Criou metodologias para localização cultural em países diversos como China, Índia, União Europeia, Estados Unidos e América Latina. Autor de Gunned Down — Down the River (EUA, 2005) e O catador de batatas e o filho da costureira (Brasil-Japão, 2008). É fundador da Mojo (2006) e do Instituto Mojo de Comunicação Intercultural (2018).