Conto incluído em Contos folclóricos africanos vol 1.
Leia um trecho: Há muito, muito tempo, em uma aldeia chamada Kejee’jee, vivia uma viúva que criava sozinha seu bebê. Trabalhava muito para conseguir alimentar a si mesma e ao filho, mas ainda assim viviam humildemente, chegando a quase passar fome inúmeras vezes.
Quando o garoto, que se chamava ’Mvoo′ Laa′na, ficou um pouco mais velho, perguntou à sua mãe:
— Mamãe, estamos sempre passando fome. Que trabalho meu pai fazia para nos sustentar?
— Seu pai era caçador — respondeu a mulher. — Ele colocava armadilhas pela floresta e comíamos o que ele capturava.
— Ah! Isso não é trabalho, é diversão! — alegrou-se ’Mvoo Laa’na. — Também farei armadilhas, e vamos ver se consigo pegar algo para comermos.
No dia seguinte, foi à floresta cortar galhos das árvores, e voltou à noite.
No segundo dia, construiu armadilhas com os galhos.
No terceiro dia, trançou fibras de coco e fez cordas.
No quarto dia, espalhou o maior número de armadilhas que conseguiu.
No quinto dia, colocou ainda mais armadilhas.
No sexto dia, foi à floresta verificá-las. Apanhou muito mais animais do que o necessário para comerem, portanto foi à grande cidade de Oongoo′ja vender o excedente. Comprou milho e outras coisas, e sua casa ficou repleta de comida. Sua sorte continuou por um bom tempo, e ele e sua mãe passaram a viver confortavelmente.
Elphinstone Dayrell (1869-1917), George W. Bateman (1850-1940) e Robert Hamill Nassau (1835-1921), os três autores selecionados para este volume, fazem parte de um movimento em comum. São três esforços individuais para a preservação de culturas locais ameaçadas pela colonização europeia. Ironicamente, as pessoas que se dispuseram a essa preservação eram oriundas das mesmas instituições que suprimiam tais culturas — um governador britânico, um explorador a serviço da coroa inglesa e um missionário dos EUA. No entanto, há também um dualismo moral nesses esforços. Não fosse pela coleta e publicação dessas histórias, elas poderiam se perder no tempo, pois as tribos africanas as perpetuavam apenas pela tradição oral.
Tradutor, revisor, publicitário e editor no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. Formado em publicidade e propaganda pela Universidade Metodista e com pós-graduação de Tradução pela Estácio de Sá, Gabriel Naldi possui ampla experiência em planejamento estratégico para ações digitais, em agências de propaganda, empresas e portais. Foi revisor de textos para emissoras e empresas como Petrobras, Band, TV Tribuna, TCE Pará e TCU. Desde 2013, atua como tradutor e revisor de texto, localização de websites, redação publicitária, marketing e tradução literária.