Um conto de Contos da selva, de Horacio Quiroga.
Leia um trecho: Era uma vez um homem que morava em Buenos Aires e que estava muito feliz porque era um homem saudável e trabalhador. Mas um dia ele adoeceu e os médicos lhe disseram que só indo para o campo que ele poderia ser curado. Ele não queria ir, porque tinha irmãos pequenos que dependiam dele; e ele estava a cada dia mais doente. Até que um dia um amigo dele, que era diretor do zoológico, lhe disse:
— Você é meu amigo, e você é um homem bom e trabalhador. É por isso que eu quero que você vá morar nas montanhas, que se exercite muito ao ar livre para se curar. E, como você tem uma ótima pontaria com a espingarda, cace os animais das montanhas para me trazer suas peles, e eu lhe pagarei adiantado para que seus irmãozinhos possam comer bem.
Horacio Quiroga (1878–1937)
Horacio Silvestre Quiroga Forteza foi um escritor uruguaio que viveu a maior parte da vida na Argentina. Ficou famoso por seus contos, que geralmente tratavam de eventos fantásticos e macabros na linha de Edgar Allan Poe e de temas relacionados à selva, sobretudo da região de Misiones, na Argentina. Sua vida foi marcada pela tragédia, a doença e suicídios de familiares e amigos. Embora um grande escritor, era diminuído por seus colegas escritores, principalmente por Jorge Luis Borges, que o classificava como mero discípulo dos autores que o inspiravam. Em sua defesa Quiroga alegava que a humildade e a adoração aos “grandes mestres” eram seu destino e que se orgulhava de ser comparado a eles.
Fundador do Instituto Mojo, consultor em localização cultural, cultura participativa e inovações digitais. Tradutor e editor de centenas de títulos literários e graphic novels do inglês, do espanhol e do francês. Autor de Gunned Down — Down the River (Terra Major, EUA, 2005) e O catador de batatas e o filho da costureira (JBC, Brasil-Japão, 2008). Criou o programa Literatura Livre com o propósito de construir o maior acervo digital da literatura mundial em domínio público com acesso livre e gratuito.