Conto incluído em Contos folclóricos africanos vol 1.
Leia um trecho: O Rei Gorila teve uma filha cuja beleza era enaltecida por todos. Quando a menina atingiu a idade de se casar, o rei mandou avisar a todas as tribos que se alguém fosse capaz de cumprir determinada tarefa seria seu genro. Acrescentou ainda que não aceitaria dotes comuns para dá-la em casamento, mas que havia um novo tipo de água, nunca visto antes, e quem fosse capaz de beber um barril inteiro dessa água seria merecedor do prêmio cobiçado por tantos.
Então todos os animais se reuniram na floresta do rei para competirem pela jovem. Todos os caminhos que levavam à nação Njambi se encheram com os ansiosos pretendentes.
O primeiro candidato seria o Elefante, devido a seu tamanho. O paquiderme caminhou até o barril com pesada solenidade, suas estrondosas patas ecoando a cada passo, tandam, tandam. Mesmo na presença do rei, mal conseguia esconder sua indignação, pois julgava aquele um teste ofensivo de tão fácil. O elefante pensava consigo mesmo, “Um barril de água? Que afronta! Quando eu, Njâgu, tomo meu banho diário, sugo vários barris de água com minha tromba e jogo sobre mim. Além disso, tomo meio barril a cada refeição. E é esse o teste? Vou acabar em dois goles!”.
Colocou sua tromba dentro do barril, determinado a sorver uma grande quantidade. Retraiu-se logo que tocou líquido. A “nova água” ardeu em suas entranhas. Ergueu sua tromba e bramiu um grito de fúria, dizendo que aquela era uma prova impossível.
Elphinstone Dayrell (1869-1917), George W. Bateman (1850-1940) e Robert Hamill Nassau (1835-1921), os três autores selecionados para este volume, fazem parte de um movimento em comum. São três esforços individuais para a preservação de culturas locais ameaçadas pela colonização europeia. Ironicamente, as pessoas que se dispuseram a essa preservação eram oriundas das mesmas instituições que suprimiam tais culturas — um governador britânico, um explorador a serviço da coroa inglesa e um missionário dos EUA. No entanto, há também um dualismo moral nesses esforços. Não fosse pela coleta e publicação dessas histórias, elas poderiam se perder no tempo, pois as tribos africanas as perpetuavam apenas pela tradição oral.
Tradutor, revisor, publicitário e editor no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. Formado em publicidade e propaganda pela Universidade Metodista e com pós-graduação de Tradução pela Estácio de Sá, Gabriel Naldi possui ampla experiência em planejamento estratégico para ações digitais, em agências de propaganda, empresas e portais. Foi revisor de textos para emissoras e empresas como Petrobras, Band, TV Tribuna, TCE Pará e TCU. Desde 2013, atua como tradutor e revisor de texto, localização de websites, redação publicitária, marketing e tradução literária.